Parlamentares de oposição da Coreia do Sul apresentaram quarta-feira (4) o pedido de impeachment do presidente Yoon Suk-yeol. A medida veio após anúncio de lei marcial na noite anterior, decisão que foi cancelada após ser desafiada pelo Congresso em meio a um caos político que levou milhares às ruas de Seul.
Kim Yong-min, parlamentar do Partido Democrata, anunciou o pedido em uma coletiva de imprensa. A votação está prevista para sexta-feira (6). Se mais de dois terços dos 300 deputados aprovarem o impeachment, Yoon será suspenso do cargo enquanto o Tribunal Constitucional avalia a decisão.
O partido de Yoon, o conservador Partido do Poder Popular, controla 108 cadeiras na Assembleia Nacional, o que significa que alguns membros do próprio partido precisam votar a favor do impeachment para que a medida seja aprovada.
Se o presidente for afastado, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumirá temporariamente as funções presidenciais. Se Yoon for removido definitivamente, novas eleições terão que ser realizadas em até 60 dias.
A declaração de lei marcial por Yoon, feita em um discurso não programado na noite de terça-feira, provocou reações intensas. Cerca de 300 tropas militares invadiram a Assembleia Nacional, levantando temores de que estivessem tentando prender parlamentares contrários à medida. Imagens de câmeras de segurança mostraram cenas dramáticas do momento em que as forças chegaram ao complexo.
O episódio foi comparado à repressão do levante de Gwangju, há mais de 40 anos, quando um regime militar respondeu com brutalidade aos protestos populares.
A instabilidade política abalou os mercados sul-coreanos, com o índice da bolsa de Seul fechando em queda de 1,4%, após perdas mais acentuadas ao longo do dia.
Antes do amanhecer de quarta-feira, Yoon revogou a lei marcial, diante da pressão popular e do tumulto político. No entanto, o estrago à sua gestão já estava feito.