O ano era 1922. E não pensem que apenas São Paulo respirou ares de novidade na data que ficou marcada pela realização da Semana de Arte Moderna. Também no interior do País, a vanguarda caminhava por veredas até então desconhecidas. Mas aqui o processo era outro. Passava, na verdade, por uma rede de circunstâncias, e porque não dizer de sonhos, que, mais tarde, culminariam na formação de uma cidade. Renovação de linguagem, lá, em São Paulo; renovação na organização social, aqui, em Goiás. É, Aparecida de Goiânia nascia num contexto nacional recheado de mudanças, espírito de ruptura com o passado e experimentação do novo.
Foi mais ou menos assim. No dia 20 de março de 1922, o vigário Francisco Wand, da congregação do Santíssimo Redentor, rezou uma missa na sede da Fazenda Santo Antônio. A propriedade era do senhor José Cândido de Queirós, que sabia da importância de ceder o local para a realização da desobriga pascal, isto é, dar oportunidade à comunidade de comungar e também de realizar os batizados e casamentos, pelo menos uma vez ao ano. E nesse dia surgiu a ideia de fundar um patrimônio para a Igreja Católica. Além de José Cândido, mais três senhores se prontificaram a doar terras para a obra: Abrão Lourenço de Carvalho; Antônio Batista de Toledo e Benedito Batista de Toledo.
Menos de dois meses depois, no dia 3 de maio de 1922, um cruzeiro de aroeira lavrada despontava no cerrado, marcando oficialmente a primeira missa campal do município que ainda estava por surgir e que também foi celebrada pelo vigário Francisco Wand. Posteriormente, o cruzeiro foi transportado por uma multidão de pessoas, que saiu a pé da Fazenda Santo Antônio até a frente da Igreja Matriz, onde se encontra atualmente.
No dia 11 de maio de 1922, debaixo de um rancho de madeira roliça e coberta com palha de bacuri, foi rezada a segunda missa campal, onde foi construída a capela da padroeira do arraial, recebendo mais tarde o nome de Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Neste mesmo ano, iniciou-se a construção da igreja que deveria ser levantada com o auxilio do povo da região.
Dentre os vários colaboradores estão os nomes de Aristide Frutuoso, Antônio Lourenço Ribeiro, Antônio Alves Fortes, Antônio Bertoldo Ribeiro, Elias Gonçalves Primo, Manuel Cabral da Silva, Joaquim Marques da Silva, Benedito Batista de Toledo e outros. Estas pessoas doaram madeira, areia, adobes, pedra, telha, carreto e outros serviços.
No mesmo local onde foi feito o rancho e celebrado a missa de inauguração, simbolizando o lançamento da pedra fundamental, foi construída a igreja, a mesma que, ainda hoje, ostenta a praça do jardim com seu estilo antigo, ou seja, conhecida atualmente como Praça da Matriz. O senhor João Batista de Toledo, carpinteiro de referência, foi encarregado de ser o construtor da igreja até o término da obra.
No início do ano de 1932, abre-se a primeira casa comercial em Aparecida, de propriedade do senhor Aarão Augusto de Souza. Com o tempo, a cidade cresce e passa a ser conhecida como Arraial de Aparecida.
Mas não por muito tempo. Em 26 de dezembro de 1958, pela Lei n° 1.406, foi criado o Distrito de Goialândia. Destacaram na criação os seguintes patriarcas: o industrial Antônio Carvelho; o deputado estadual José Hermano Vieira; o diretor do Colégio Lyceu de Goiânia, Gervásio Bretas e o interventor do Estado de Goiás, José Caixeta.
Com a criação do distrito, foram conquistadas várias melhorias: energia elétrica, escola estadual e a instalação da coletoria estadual. O Distrito de Goialândia teve como primeiro subprefeito, nomeado pelo então prefeito de Goiânia, Jaime Câmara, o senhor Antônio Elias de Deus, que exerceu o mandato de 15 de janeiro de 1959 a 31 de dezembro de 1961. O segundo subprefeito foi o senhor Gentil Goiano Brasil, que exerceu o mandato de 1º de janeiro de 1962 a 3 de julho de 1963. Gentil Goiano Brasil foi nomeado pelo prefeito de Goiânia, Hélio Seixo de Brito. O terceiro e último subprefeito, Alfredo Alves Garcia, também foi nomeado pelo prefeito de Goiânia, Hélio de Brito, e exerceu o mandato de 4 de julho de 1963 a 2 de fevereiro de 1964.
Nessa época, já havia movimento de luta para emancipação do Distrito de Goialândia. No dia 13 de novembro de 1963, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Goiás lavrou o parecer favorável da emancipação do distrito para município. Em 14 de novembro do mesmo ano, o deputado estadual Olinto Meirelles entra com o processo de nº 1.781/63 para segunda discussão e votação da emancipação do município. Por meio do projeto de Lei nº 784/63, de 8 de agosto de 1963, a Assembleia Legislativa sanciona a Lei nº 4.927, de 14 de novembro de 1963, criando assim, o município de Aparecida de Goiânia.
No dia 3 de fevereiro de 1964, o governador do estado, Mauro Borges Teixeira, nomeia Licídio de Oliveira, como o primeiro prefeito de Aparecida. O país passava por momentos difíceis, devido ao golpe militar de 1964. Em Goiás, o presidente da República, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, nomeou como interventor do governo o tenente-coronel Meira Matos. Como o município de Aparecida de Goiânia era novo e representava o reduto de partido político contrário ao golpe militar, foi nomeado para ocupar o cargo de prefeito o ex-combatente de guerra, José Bonifácio da Silva, cujo mandato foi até 31 de janeiro de 1966. A partir dessa data, assume o primeiro prefeito eleito pelo voto direto, Tanner de Melo, e desde então os prefeitos tem sido eleitos de forma democrática
Aparecida de Goiânia, por não possuir uma área geográfica grande que possibilitasse o setor primário, tanto na área agrícola quanto na pecuária, buscou sua base econômica na industrialização. Na década de 90, começou o programa de industrialização em Aparecida de Goiânia de forma mais intensa, cujo processo já se desenvolvia de modo espontâneo, tendo em vista que o município se localiza na região sul da capital do Estado e possui ligação com a região Sudeste do País, pela BR-153.
Fonte de pesquisa: IBGE, TRE, Aciag e Museu Tanner de Melo
Aparecida de Goiânia tem 601.844 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O único município goiano com mais de 500 mil habitantes, com exceção de Goiânia, capital do Estado, que tem 1,5 milhão de habitantes.
Na década de 1990, a cidade buscou firmar sua base econômica na industrialização. Além de uma posição geográfica privilegiada que impulsiona o turismo de negócios, a vocação econômica de Aparecida tem despertado o interesse de investidores que pretendem fixar suas empresas na cidade. Aparecida se tornou um polo industrial, empresarial e universitário, sendo também uma das principais locomotivas do desenvolvimento econômico do Estado de Goiás.
O município gera hoje mais de 120 mil postos de trabalho em seus sete polos industriais e empresariais, e também nos comércios. Em 2020, foi uma das cidades brasileiras que mais gerou empregos com carteira assinada, com saldo positivo de 2.104 novos postos de trabalho.
Em 2009 e 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) de Aparecida era de R$ 3,8 bilhões e R$ 5,8 bilhões, respectivamente. Em 2018, o número subiu para R$ 12,9 bilhões, num crescimento acumulado de 122% e elevação de 17,40% ao ano. Dados revelam que Aparecida teve salto significativo em apenas uma década.
A qualidade de vida e o desenvolvimento econômico em ascensão, mesmo em tempos de crise, são conquistas do investimento continuado da administração pública municipal e apostas do setor econômico. Outro fator importante que coloca Aparecida em destaque é a mão-de-obra qualificada com cursos técnicos e superior ministrados por Escolas Técnicas e Faculdades.
A cidade experimenta um desenvolvimento social e econômico vertiginoso, com perspectivas de trabalhar com quatro áreas: Energia, Mineração, Indústria 4.0 e Smart Cities. Inspira modernidade, empreendedorismo, geração de emprego, turismo de negócios e soluções urbanas inteligentes.