O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta segunda-feira (12), R$ 27 bilhões de investimentos da China no Brasil. O valor foi divulgado pelo presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, em encontro empresarial realizado em Pequim. Em discurso, o chefe do Executivo nacional disse que os dois países são "parceiros incontornáveis" e que relação comercial "só vai crescer".
"Se depender do meu governo e se depender da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. A nossa relação será indestrutiva, porque a China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China e nós dois juntos poderemos fazer com que o Sul Global seja respeitado no mundo como nunca foi", continuou.
Lula ainda destacou que potencial da relação comercial Brasil-China é "inesgotável". "Na última década, a China saltou da 14ª para a quinta posição no ranking de investimento direto no Brasil. Trata-se do principal investidor asiático em nosso país, com estoque de mais de US$ 54 bilhões", afirmou.
O petista também destacou que ambos os países apostam "na redução das barreiras comerciais" e buscam mais integração. No atual contexto de "tarifaço" de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, Lula criticou quem vê China com receio.
O presidente brasileiro afirmou que "não existe saída para um país sozinho". "É preciso que a gente tenha consciência que nós precisamos trabalhar junto. É por isso que eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Estados Unidos tentou impor ao planeta Terra do dia para noite", completou.
Lula falou a empresários que o país precisa diversificar a relação comercial com o país asiático, em áreas como engenharia, tecnologia, saúde, defesa e educação. "Tem muita gente que reclama que o Brasil exporta para a China só produtos agrícolas e minério de ferro. Ou seja, só commodities", apontou.
A China é o principal destino de exportações brasileiras e maior investidor asiático no Brasil. Itens como soja (33,4%), petróleo bruto (21,2%) e minério de ferro (21,1%) representaram 75,6% do total exportado em 2024. Também no ano passado, o Brasil virou maior fornecedor de carne bovina, de aves, soja, celulose e açúcar para os chineses.
"E eu queria só dizer para as pessoas que pensam assim que para que a gente possa fazer investimento em produtos mais refinados, em produto mais sofisticado, com mais ascensão tecnológica, é preciso a gente lembrar que durante muito tempo o Brasil deixou de investir em educação", continuou.
O chefe do Executivo reconheceu que "o ideal para o Brasil não é ficar exportando soja, se bem que eu gosto de exportar soja, mas é exportar inteligência, é exportar conhecimento. Para isso, não tem milagre", completou.
Nesse sentido, por exemplo, o petista defendeu abertura de convênios com universidades chinesas "para formar matemáticos aqui, para formar cientistas aqui, para formar físicos aqui, para formar gente capaz de ajudar o Brasil a se desenvolver".
No fim do discurso, Lula disse que essa "troca de parcerias" entre empresas brasileiras e chinesas "não tem retorno": "Estejam certos de que, daqui para frente, só vai crescer".