A autarquia destaca um aumento na proporção da moeda renminbi (CNY) nos cofres brasileiros, que passou de 1,1% em 2019 para 4,8% em dezembro do ano anterior.
Ao final de 2023, as reservas eram compostas por 79,99% de dólares norte-americanos, 5,24% em euro, 4,8% em renminbi, 3,58% em libra esterlina, 2,6% em ouro, 1,8% em iene, 1,01% em dólar canadense e 0,9% em dólar australiano. O montante total de moedas estrangeiras era equivalente a US$ 355,03 bilhões.
“Verifica-se, em todo o período, o dólar norte-americano como moeda de maior participação nos investimentos das reservas internacionais”, pontuou o BC. Porém, nota-se que a fatia composta pela moeda dos Estados Unidos caiu de 86,77% para 79,99% entre os anos de 2019 e 2023.
O país e a China firmaram no ano passado uma série de acordos bilaterais para viabilizar transações direta entre as partes utilizando apenas suas moedas locais, sem necessitar da divisa norte-americana.
Em 2021, a autarquia mostrou que a contribuição de renminbi foi elevada, que o dólar canadense (CAD) e o dólar australiano (AUD) foram incluídos na alocação estratégica, e que, em razão das características anticíclicas em momentos de estresse, a posição em ouro também aumentou.
No mesmo ano houve uma maior diversificação na alocação de moedas das reservas internacionais, sem prejuízo do perfil anticíclico da carteira como um todo, quando comparado ao perfil dos investimentos em 2020.
“Desde 2022 não houve variações significativas na composição em relação ao fechamento do ano anterior”, afirmou o relatório.
Nos últimos anos, uma série de países emergentes têm avaliado a necessidade de reforma do sistema financeiro internacional, a fim de tornar os negócios entre as nações mais inclusivos, adaptados a suas respectivas realidades e menos dependentes do dólar – processo como desdolarização.
O uso da moeda norte-americana como padrão acaba, por consequência, impondo a presença – por mais que indireta – da hegemonia dos EUA nestas transações.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu, no último sábado (30), que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda, ou apoiar outra divisa que substitua o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%.
O republicano argumentou que seria impossível substituir o dólar americano, e disse que os países que o tentassem poderiam “se despedir dos EUA”.
Desde janeiro deste ano, o grupo Brics tem dez membros plenos. Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se uniram ao bloco como membros permanentes Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Em outubro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, em reunião da Cúpula do Brics em Kazan, na Rússia, que o bloco de países emergentes avance na criação de meios de pagamento alternativos entre si, fugindo da necessidade de uso do dólar.
O desenvolvimento de um mecanismo de compensação de pagamentos em moedas locais é uma das prioridades do Brasil no Brics, que assume a presidência do grupo em 2025 e busca fortalecer o Novo Banco de Desenvolvimento, de modo a diminuir a dependência de seus membros ao sistema financeiro internacional.