A baixa bienalidade é um fenômeno natural observado principalmente no cultivo do café, caracterizado pela alternância de anos com alta e baixa produção. O ciclo ocorre por causa do próprio comportamento das plantas, que alternam entre um ano de grande esforço produtivo (alta bienalidade) e um ano de recuperação, no qual produzem menos (baixa bienalidade).
Como resultado, a produtividade média nacional deve alcançar 28 sacas por hectare, uma redução de 3% em comparação ao rendimento registrado em 2024.
Para o café arábica, a estimativa aponta uma produção de 34,7 milhões de sacas, uma queda de 12,4% em relação ao ano anterior — o desempenho reflete o ciclo de baixa bienalidade e as adversidades climáticas, especialmente em Minas Gerais, maior produtor do país.
Por outro lado, a produção do café conilon deverá alcançar 17,1 milhões de sacas, um crescimento de 17,2%, impulsionado principalmente pelos bons resultados no Espírito Santo, estado que responde por 69% da produção nacional dessa espécie.
Preços do café
A safra global de café para 2024/25 aponta para um cenário de maior restrição na oferta, com estoques em patamares historicamente baixos e demanda crescente no mercado internacional, o que deve pressionar, ainda mais, os preços.
As cotações do café arábica e do robusta têm apresentado elevações expressivas nas bolsas de Nova Iorque e Londres, respectivamente.
A produção mundial está estimada em 174,9 milhões de sacas, um aumento de 4,1% em relação à safra anterior, enquanto o consumo global deve atingir 168,1 milhões de sacas. Os estoques finais estão projetados em apenas 20,9 milhões de sacas — o menor volume das últimas 25 safras, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)
Produção de café no Brasil
Segundo a Conab, os estados produtores de café no Brasil enfrentam cenários contrastantes na safra atual. Minas Gerais, maior produtor nacional, deve colher 24,8 milhões de sacas, uma queda de 11,6% em relação ao ano anterior, resultado do ciclo de baixa bienalidade e da seca prolongada que antecedeu a floração.
No Espírito Santo, segundo maior produtor do país, a expectativa é de alta de 9%, com produção estimada em 15,1 milhões de sacas. A produção de café conilon no estado deve crescer 20,1%, totalizando 11,8 milhões de sacas, favorecida pelas chuvas entre julho e agosto, que estimularam a florada e garantiram um bom potencial produtivo — por outro lado, o arábica no estado deve recuar 18,1%.
O estado de São Paulo, exclusivamente produtor de arábica, projeta uma colheita de 4,6 milhões de sacas, uma redução de 15,3%, atribuída à baixa bienalidade e às condições climáticas adversas.
Na Bahia, a produção total deverá crescer 11,3%, alcançando 3,4 milhões de sacas, divididas entre 2,2 milhões de conilon e 1,2 milhão de arábica, enquanto em Rondônia, estado exclusivamente produtor de conilon, a estimativa é de 2,2 milhões de sacas, representando um aumento de 6,5%.
Paraná e Rio de Janeiro, focados na produção de arábica, devem colher 675,3 mil e 373,7 mil sacas, respectivamente. Em Goiás e Mato Grosso, os efeitos da bienalidade negativa e das condições climáticas desfavoráveis devem reduzir a produção, estimada em 195,5 mil e 267,6 mil sacas, respectivamente.