Principais conclusões:
O racismo e o abuso sexual continuam a ser usados para atingir atletas, representando mais de 48% dos resultados 809 postagens no total foram verificadas como abusivas, com 128 postagens e comentários (16%) encaminhados à plataforma relevante para ação adicional
1.917 atletas com pelo menos uma conta ativa foram monitorados por abuso online durante os Jogos de Paris em quatro plataformas de mídia social – 12 vezes o tamanho amostrado durante as Olimpíadas de Tóquio.
À medida que o Mês Mundial da Saúde Mental chega ao fim, a World Athletics publica hoje (31 de outubro) os resultados de um estudo realizado durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, com o objetivo de identificar e proteger atletas de mensagens abusivas enviadas por meio de plataformas de mídia social.
O estudo é o quarto do gênero publicado pela World Athletics nos últimos quatro anos, abrangendo as Olimpíadas de Tóquio 2020, os Campeonatos Mundiais de Atletismo de 2022 e 2023 em Oregon e Budapeste, respectivamente, e agora os Jogos Olímpicos de Paris 2024.
A pesquisa foi conduzida em colaboração com o Signify Group, usando seu serviço Threat Matrix alimentado por inteligência artificial, para investigar o assédio online de atletas durante os Jogos Olímpicos. O estudo publicado hoje se concentra nas descobertas da pesquisa deste ano, com uma análise detalhada de quatro anos a ser seguida no final deste ano.
Com base em várias iniciativas para implementar maiores medidas de proteção no atletismo, incluindo a introdução de políticas de proteção obrigatórias no nível da Federação Membro, o estudo monitorou as contas de mídia social de 1.917 atletas, reservas e oficiais do esporte do atletismo durante a totalidade dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (24 de julho a 11 de agosto de 2024), incluindo também as 24 horas antes e depois das datas de início e término dos Jogos. O tamanho da amostra é 12 vezes maior do que a pesquisa conduzida nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Um total de 355.873 postagens e comentários foram capturados e analisados para conteúdo abusivo em 36 idiomas e dialetos diferentes, com 34.040 postagens sendo sinalizadas pelo algoritmo Threat Matrix AI para revisão por análise humana. Cada um dos atletas abrangidos tinha uma ou mais contas ativas em quatro plataformas de mídia social – X (antigo Twitter), Instagram, Facebook e TikTok. Do estudo, um total de 809 postagens foram verificadas como sendo de natureza abusiva.
O racismo (18%) e o abuso sexual (30%) continuam sendo os maiores problemas, representando mais de 48% do total de abusos detectados, enquanto o abuso geral* representa 32% do total de abusos detectados.
Dois atletas foram particularmente alvos pesados, respondendo por 82% de todos os abusos detectados entre eles. No geral, o abuso verificável foi direcionado a atletas que representam 20 nações diferentes, com 49% dos abusos direcionados a atletas dos EUA, apesar de eles representarem apenas 7,8% do conjunto de atletas do estudo.
O racismo foi a maior categoria de abuso detectado direcionado a atletas do sexo masculino, representando 26% do total de abusos direcionados a atletas do sexo masculino, enquanto as atletas do sexo feminino foram alvo de uma mistura de abuso sexual e sexista e quase metade do conteúdo detectado se enquadra na categoria de abuso geral (49%).
“Não é segredo que o abuso de atletas nas redes sociais pode ter um impacto devastador em sua saúde mental, bem como em seu desempenho”, disse o presidente da World Athletics, Sebastian Coe, sobre as descobertas do estudo.
“Ter uma presença nas mídias sociais é importante para muitos atletas porque permite que eles se conectem com seus fãs, bem como cumpram compromissos de endosso. Muitos atletas estão comprometidos em fazer o esporte do atletismo crescer por meio de sua presença online, mas eles precisam ser capazes de fazer isso em um ambiente seguro. Temos orgulho de muitos de nossos atletas que usam sua plataforma para aumentar a conscientização sobre questões importantes, incluindo falar sobre abuso online e seu impacto na saúde mental.
“Continuaremos nosso trabalho neste espaço e usaremos nossa pesquisa para ajudar a impulsionar mudanças positivas, tanto com plataformas quanto no desenvolvimento de recursos para atletas em torno de sua saúde mental.”
Categorias de abuso
No total, 128 postagens e comentários abusivos foram denunciados às plataformas relevantes em nome dos atletas, enquanto dois casos foram encaminhados a autoridades superiores, demonstrando ainda mais a importância do trabalho que a World Athletics e a Signify Group estão fazendo neste espaço para proteger os atletas de abusos online – além do suporte que algumas plataformas estão oferecendo neste espaço.
Pesquisas anteriores já orientaram iniciativas da World Athletics aplicadas durante as Olimpíadas de Paris, incluindo materiais destacando ferramentas de segurança oferecidas por canais como Instagram e Facebook. Em certos casos, medidas preventivas adicionais usando software de IA foram oferecidas a "atletas em risco", pois as descobertas sugerem fortemente que colocar medidas preventivas em prática para atletas já visados pode gerar resultados positivos.
Embora este relatório se concentre nas descobertas dos Jogos Olímpicos de Paris, o relatório de quatro anos cobrindo quatro grandes eventos globais de atletismo, com lançamento previsto para o final deste ano, se concentrará nos desenvolvimentos ao longo dos últimos quatro anos. Ele também delineará medidas que a World Athletics tomará no futuro, incluindo os insights valiosos que esta pesquisa fornecerá a especialistas na área de bem-estar de atletas e saúde mental, para ajudar a desenvolver sistemas de suporte mais robustos com relação ao abuso online.
Atletismo Mundial
* Definição geral de abuso: conteúdo sinalizado como abusivo por natureza, mas que não contém linguagem discriminatória relacionada a uma categoria específica.
